14.9.10

Não é que as coisas não tivessem importância, o problema é que tinham demasiada.

Noites que decidiam os dias e dias que marcavam vidas, onde a moderação não tinha lugar e a razoabilidade não fazia sentido.
Éramos adolescentes e sentíamo-nos profundos e donos de uma sabedoria e maturidade que a vida adulta considera luxos.
A música era tudo e tudo se reconduzia às letras que sabíamos de cor e anotávamos nos papéis soltos perdidos nas caixas de sapatos.

A julgar que sabíamos viver porque alguns fumavam sem tossir. A julgar que sabíamos querer, porque não podíamos conceber outra forma de amar, a entregar de bandeja corações e inocências, sem consciência de que aquela seria a última vez que o faríamos.

Foi a época de todos os problemas, numa época em que estes, na realidade, não existiam.

Não sabíamos nada, mas queríamos tudo, com uma certeza derradeira, arrebatadora, imutável.

Foi a época em que os episódios que hoje, presunçosamente, classificamos como insignificantes, nos tornaram naquilo que somos e nos impedem de ainda acreditar que um dia seremos aquelas pessoas que aos quinze anos quisemos ser.

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