12.2.11

Mais um sinal de velhice

É impressão minha ou isto anda muuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuito morto? Quase em decomposição, arrisco dizê-lo.
Deixem-me lá ver se consigo apanhar os cacos, colá-los e fazer qualquer coisa bonita.

6.1.11

Duvido sempre de pessoas que fazem questão de gritar aos quatro ventos o que pensam, sentem ou querem.

18.12.10

Ao princípio, de tão errada e improvável, a despedida parece mentira. Mas agora os dias perfeitos já voaram para longe daqui. E tenho que me forçar a não escrever escrever escrever, porque tudo o que ficasse aqui seria demasiado eu e demasiado tu, e não há palavras, frases ou poemas que juntem países. Ficam os planos e os próximos dias juntos. E, nos entretantos, começos e recomeços, novas cidades, novas vistas e novas comidas. Que vou ter que voltar a alimentar-me sem elaborações diárias e tu vais voltar a ler sem encosto no sofá.

9.12.10

Tanto, tanto para escrever, e tão pouco tempo. É que Madrid não merece uma narrativa, merece pelo menos uma epopeia.

Madrid me mata, Madrid me dá la vida. Joder, que felicidad, y que ganas que el futuro llegue pronto. Que ganas las tengo de pasearme por calles y afines, o de hacer nada - no os equivoques, es muy diferente hacer nada de no hacer nada - en un sitio que pueda sencillamente llamar nuestro.

13.11.10

2.11.10

Acabei o fim de semana (domingo à noite) num concerto. Um coro e quatro solistas numa das igrejas mais bonitas da cidade. Foi o mais perto da meditação a que alguma vez cheguei. Não atingi o estado de vazio de pensamentos, mas fiquei concentrado num sentimento. Rodeado de vozes e deslumbrado com a circunstância, pensava no amor. No amor em abstracto, não no meu ou no de alguém. No amor na vida, nas pessoas, nos sítios...

22.10.10

Da decisão do amor eterno

A felicidade é contagiosa. Ou a felicidade dos amigos que se sente na pele. Mais um aqui a ficar feliz pelos dois. Não estivesse eu tão longe e ainda preparava um pitéu caprichado para celebrar.

16.10.10


Apercebeu-se, para sua grande surpresa, que à medida que os anos passavam, dava por si a reconhecer um verdadeiro mérito a muito poucas pessoas e que tal não o preocupava, nem o fazia sentir-se só.
“Talvez este seja o lado obscuro de amadurecer...” , pensou , descontraído, enquanto sorvia o capuccino e observava a paisagem.





6.10.10

É a cultura, estúpido!

 Madrid Capital, o ânimo renasce num dia igual a tantos outros: O céu azul de sempre parece saído de um manual budista, a brisa (nunca marítima...) parece perfume de delicada mulher e as gentes do frenético corre-corre parecem investidas de uma alma bailarina. É neste mesmo dia, que a carteira se abre não para a comida de supressão da fome diária, mas para o guia cultural semanal, é neste mesmo dia que o espírito antes apartado se queda então apertado pelo que na apatia se foi perdendo: Ele é Fura del Baus, Goyas, Picassos, Jean Arpes e Tapies, exposições de tudo, algumas efémeras e outras nem tanto, espectáculos de magia, circo, teatro (muito teatro!), cinemas mil, concertos e ópera, campeonatos daquilo e daqueloutro, touradas, novilhadas e uma série de coisas pelas quais vale mesmo a pena ser gato em Madrid.

22.9.10

Autumn leaves

O verão fez-se de estradas de amor e de sol. A pele ficou saciada de sal e o estômago das comidas que pedem presença.  Agora durmo no Outono, mais relaxado e sem que ninguém veja o meu buraco no peito. Que os casacos escondem tudo, até a pele dourada, marca do Verão que ficou. A vida aqui é outra, feita de outras coisas. Mas é vida. A outra realidade de que falavas.

20.9.10

Era fantástico o tempo quando ainda se entendiam. Foi muito antes de não se conseguirem ver, muito antes dele pouco a pouco ter descuidado todas as suas amantes.
Nesse áureo período, habituaram-se mal a entenderem-se bem e quando por fim o amor porfiou, não ficou outro remédio que não o de passarem a odiar-se com toda a mesma glória que antes utilizavam para acordar os vizinhos em loucas noites de sodoma.

14.9.10

Não é que as coisas não tivessem importância, o problema é que tinham demasiada.

Noites que decidiam os dias e dias que marcavam vidas, onde a moderação não tinha lugar e a razoabilidade não fazia sentido.
Éramos adolescentes e sentíamo-nos profundos e donos de uma sabedoria e maturidade que a vida adulta considera luxos.
A música era tudo e tudo se reconduzia às letras que sabíamos de cor e anotávamos nos papéis soltos perdidos nas caixas de sapatos.

A julgar que sabíamos viver porque alguns fumavam sem tossir. A julgar que sabíamos querer, porque não podíamos conceber outra forma de amar, a entregar de bandeja corações e inocências, sem consciência de que aquela seria a última vez que o faríamos.

Foi a época de todos os problemas, numa época em que estes, na realidade, não existiam.

Não sabíamos nada, mas queríamos tudo, com uma certeza derradeira, arrebatadora, imutável.

Foi a época em que os episódios que hoje, presunçosamente, classificamos como insignificantes, nos tornaram naquilo que somos e nos impedem de ainda acreditar que um dia seremos aquelas pessoas que aos quinze anos quisemos ser.

12.9.10

Let her go, Australia

Eu bem tentei. Por várias vezes dei por mim a travar bruscamente o carro e a guinar o volante para ambos os lados. Pus a música o mais alto que o meu vetusto rádio permitiu. E nada. Cheguei o banco  para a frente e para trás, subi-o e desci-o. E nada. Disse piadas, frases de amor, cantei em falsete. E nada. Iludi-me, atirei para os olhos a areia que, inconscientemente, trazia no carro, numa vã esperança de com isso te ter do meu lado direito a dizer piadas, frases de amor e a cantar. Só então percebi que não havia volta a dar. Consigo agora perceber o porquê de lhe chamarem lugar do morto.

9.9.10

Sinto-me influenciado pela Carrie Bradshaw

Saí do atelier obscenamente cedo, comi um gelado enorme, comprei uns sapatos - coisa que eu não fazia há algumas eternidades  - passeei pelos jardins da cidade, marquei cabeleireiro* e mimei o meu Leão que  ficou de rabo a abanar**. Agora estou em casa pronto para fazer o jantar para o meu menino***.

*é mentira, é só para tornar isto mais rico e emocionante
**cuidado com esta, que é perigosa
***idem idem

Isso

Ah, como eu adoro quando as pessoas vêm cá parar por perguntar ao tio Google onde se utiliza a terebintina...

8.9.10

Qual saber? Quais partes vivas? Quais coisas? Qual felicidade? Procuro essa harmonia.

Pouco importa para onde vamos; o que importa é o que nos move, o vento que nos empurra, um pequeno nada que nos dá vontade de fugir de tudo, menos de nós.

Vindos do Norte, do Sul, pouco importa de onde vimos ou voltamos; o ponto de encontro é sempre o mesmo, imóvel e imutável como só os melhores o sabem ser, porto de abrigo de desejos e confidências.
Porque o melhor, o que vale a pena, não é a chegada. É o caminho. A eterna vontade de viagem. E quando assim é, pouco importa o que ouvimos. Que varie tudo, menos o nosso descompromisso harmonioso.

7.9.10

Sempre que te esqueces, encho-me de mim.

3.9.10


Tenho a convicção que estes discos rodaram quilómetros nestes últimos dias no, cada vez mais pimba*, Algarve. Principalmente pela noite, onde o mau gosto pulula por todos os lados, não só pelas colunas de som.

*e todos os adjectivos com conotação pejorativa que acharem por bem acrescentar.

1.9.10

E assim se explica tão desafinada cantoria matinal

Vendo bem as coisas, não mudou nada. Nunca me fui embora, nem nunca irei. Se bem que, sentindo-as melhor, mudou tudo.

Não concordo com os que dizem que não podemos voltar ao sítio onde fomos felizes. Por vezes, não só podemos como devemos voltar lá. Só é preciso que haja espaço para mais.

12.8.10

E o jeitinho carioca...


Cá estou eu a sentir o tempo ameno e todos os cheiros entranhados na pele húmida depois de um dia alegremente fatigante, num boteco em frente à praia. Queijo frito, bolinho de bacalhau, carne seca e chopinho. Que não há Brasil melhor que o dos brasileiros. As noites de boémia, essas, ficaram-se pelos tempos passados, também eles áureos, em que o Rio e eu nos encontrámos. Diferentemente áureos; que agora tenho na bagagem não o essencial à vida de um pseudo-boémio, mas sim um minimeu a lambuzar-se por três bolinhos de bacalhau ao mesmo tempo e radiante por, dentro de pouco tempo, juntar mais um ano à sua vasta colecção.
Enquanto Portugal não nos puxa para a espuma dos dias - como dizia o outro - vamos continuar a levantarmo-nos sempre num pulo e responder ao primeiro pássaro da manhã. E enquanto trilhamos as pedras frias do paredão, ora negras, ora brancas (tu nas negras eu nas brancas) vamos praticando o sorrir simples. Sorrir simples como o do velho que passa, o da criança que descobre o andar e o da mãe solteira que nos sorri também ao passar.

3.8.10

Quando o calor da confusão queima é preciso refrescar a alma no silêncio. A tranquilidade traz-me a certeza de que não existem impossíveis.

30.7.10

São 10 da manhã e, por esta altura, ou tens já 20 cigarros desfeitos no pulmão, ou 20 cigarros arrumados milimetricamente na caixa branca, exactamente como te chegaram às mãos. Em qualquer um dos casos, pensa em mim.
Uma tempestade sentimental não merece uma volta ao passado, não achas?

28.7.10

Vai-se a ver e não tem nada a ver

Crescemos cheios de certezas. A adolescência está repleta de verdades absolutas: vou casar aos 28 , tu és o amor da minha vida, vou ter três filhos - Francisco, Margarida, Maria - precisamente por esta ordem. Vou viver em Lisboa com vista sobre o Tejo e vou ser muito feliz sempre e para sempre. Vou ser médico cirurgião porque sim, de qualquer maneira o que interessa é o amor e a família e a profissão que esteja sempre em segundo plano.

Vai-se a ver e não tem nada a ver. Ou pelo menos quase.

27.7.10

Mais uma despedida. E tudo bem, tudo calmo, todo eu era sorrisos de incentivo e de confiança no futuro próspero que lhe espera, até ao último momento. Mas agora acordei de alma estremunhada, a pensar na (futura) ausência. Adivinha-se menos uma companhia para o café à última da hora e para a conversa corrida. Acordei e vou ter que viver sem menos um número de telefone para marcar sempre que me apetecer.

Terapia da escrita

Segundo a proprietária era até sexta-feira, não passava de sexta-feira. Passados quatro dias do prazo telefona-me triunfal:
- Juan, cariño*, ya ha terminado!

* Vai mas é chamar cariño ao canalizador que andaste a arrebicar  para que o atraso não fosse ainda maior.

26.7.10

Caí em mim e realizei que, nas últimas semanas, não faço outra coisa que não apresentações.
Ponto de situação de hoje: uma já foi, mais quatro para despachar.

- Power-point is my midle name.

21.7.10

As coisas. Quero e preciso de férias.

Há dias em que o sangue insiste em não circular e não há café ou chocolate que o impeça. O corpo está adormecido, o cérebro preguiçoso, e eu cheio de dilemas matemáticos para resolver e decisões para tomar.
 Quero voltar para casa. Para brincar e ser pai. Na companhia das noites, onde os jantares se enchem de conversas e se lê no sofá entre luzes baixas e música calma. Tudo o que não tenha a ver com as coisas. Esvaziar a cabeça.

Meet you there



Como celebração dos tempos áureos das festas de garagem.
Amanhã, no Palácio do Marquês de Pombal.

20.7.10

Não exageremos

(...) poderão, embriagados de ternura, amizade, harmonia e amor, "engordar" juntos....

O futuro num horóscopo. Vou aprendendo a viver com a destruição das minhas (fortes) convicções - ciência, só ciência - , que desde que fui informado dos números e sexo do meu filho por um teste validado por mais de 10 elementos familiares e que li uma descrição semi-perfeita da minha vida sentimental nos anos passados, ponham-me a falar com a Maya que eu acredito em todas as palavras que sejam, por ela, despejadas da boca, das mãos (repletas de grandes e assustadoras unhacas) ou da imaginação.

15.7.10

Dar a volta ao argumento

Gosto de te pintar as unhas dos pés. Mesmo quando finges descaradamente gostar do trabalho final, enquanto eu vejo, perfeitamente, que metade dos teus pés estão pintados. E muito por tua culpa. Não consegues controlar as gargalhadas que dás por tudo e por nada, que fazem que todo o teu corpo, dos pés à cabeça, se envolva numa espécie de movimento ondulatório e harmonioso.






Eu não sei bem quem tu és / Sei que gosto dos teus pés

14.7.10

Dos prazeres

Era uma espécie de gelado de coco com geleia de maçã e gengibre e uma bolacha estaladiça e perfeita.

E agora vou trabalhar.

12.7.10

Porque, apesar de tudo, sabes que é bom saber que se tem um lugar para voltar. Quando corre bem ou quando corre mal. Quando estamos saturados. Quando queremos estar sozinhos mas sentir o calor de outra pessoa. Aqueles minutos sem barulho, sem um único sussurro. Porque sabes que sabe bem saber que, incondicionalmente, há alguém em silêncio, com o peito quente à espera de uma cabeça de cabelos cheirosos.

Expectativas

E o coração a saltar-te pela boca. Nunca deixes de sonhar que chegas a casa e eu lá estou. Para decidir o que vamos jantar e o filme que vamos ver.

8.7.10

A minha mãe diz que estou magrinho

Tailandês, indiano, chinês, japonês, fondue de carne, fondue de queijo, iguarias do Suriname, iguarias do melhor cozinheiro das redondezas (eu), mercados com peixinho, bancas marroquinas. Qualquer dia vamos rebolar pelas ruas e apertar o coração com excesso de peso. Mas felizes e satisfeitos.

7.7.10

Conselho* para corações destroçados

Essencial preencher o silêncio com música, os olhos com páginas seguidas de páginas e com sorrisos de ternura, aumentar a entropia dos dias e esvaziar a memória.

* Se fossem realmente bons vendia-os

Não tem título

Um dos valores que tenho assimilado com o tempo é a tolerância. A priori tento não julgar, classificar ou etiquetar. Vou esperando para ver e, mesmo assim, sou bastante flexível com as minhas opiniões.
Já o meu queridíssimo amigo e colega, cuja identidade será preservada, faz instantaneamente, legendas em todos com quem se vai cruzando. Não dou muita atenção para além da piada a que acho à maneira como ele partilha o que acha de toda a gente.
Entretanto trabalhamos algumas vezes com uma colega que classificou de burra. Só isto: burra. Não é muito rápida, é verdade, o seu inglês é terrível, as apresentações são chatas e as ideias estapafúrdias. Mas o que é certo é que trabalha por aqui e lhe vão dando crédito. Eu digo deixa-a estar e ele diz ela é burra!

E agora o meu amigo não está por aqui e eu não tenho com quem partilhar o que se segue. 
Foi-lhe incumbida a tarefa de responder a um representante de uma instituição da República Democrática do Congo (D.R. Congo, abreviado em inglês). 
E  começou assim:

Dear Dr. Congo,

E pronto. Pelo menos por hoje, ou para esta honrosa excepção, vou voltar às etiquetas.

6.7.10

A viagem

As viagens começam muito antes do dia da partida.
Podem até começar anos antes, quando a ideia de partirmos nos cruza o pensamento pela primeira vez e ganha formas ténues.
Há depois o momento da compra dos bilhetes, a compra dos guias, a vistoria das mochilas já empoeiradas no sótão e o arrumar de tudo o que achamos que nos possa vir a ser útil.
Subitamente já partimos, já estamos a viver as cidades onde ainda não chegámos, já nos perdemos nos mapas que ainda não decifrámos e já intuímos cenários com personagens charmosas e interessantes, igualmente viajantes e ávidos de conhecimento.

5.7.10

Admito

que tenho um bocadinho de saudades de quando era mais orgulhoso do que o que sou hoje. Não ganhei nada com isso a não ser cicatrizes, mas pelo menos fazia o que dizia. E não era bluff.

1.7.10

10 minutos em frente à televisão

Danacol com esteróis vegetais. O que são esteróis vegetais? Ninguém sabe. Nem mesmo as pessoas que compram esses iogurtes.
Gel anti-rugas com bioesferas de colagénio. O que são biosferas de colagénio? Também ninguém sabe. Quais as suas propriedades? Não importa. Mas aparece na televisão e parece fazer um efeito espectacular.
Activia com bífidus activos.  Aparecem pessoas a emagrecer na televisão, por isso deve ser espectacular.
Actimel com L. Casei Imunitass. O que é que são estas coisas com nomes tão atractivos? Ninguém faz ideia. O que importa reter aqui é que está cientificamente comprovado.

Aquilo que eu acho é que estou demasiado velho para entender estas coisas. No meu tempo o exercício físico e as comidas saudáveis é que faziam bem. Não tínhamos destas coisas.

30.6.10

Entre aspas

Gosto dos venenos mais lentos, das bebidas mais amargas, das drogas mais poderosas, das ideias mais insanas, dos pensamentos mais complexos, dos sentimentos mais fortes… tenho um apetite voraz e os delírios mais loucos.
Você pode até me empurrar de um penhasco que eu vou dizer:
- E daí? Eu adoro voar!
Não me dêem fórmulas certas, por que eu não espero acertar sempre. Não me mostrem o que esperam de mim, por que vou seguir meu coração. Não me façam ser quem não sou. Não me convidem a ser igual, por que sinceramente sou diferente. Não sei amar pela metade. Não sei viver de mentira. Não sei voar de pés no chão. Sou sempre eu mesma, mas com certeza não serei a mesma para sempre.

Clarice Lispector

29.6.10

Em continuação a isto.

Uma das coisas que mais me mete dó neste país é o facto de basear todo o seu patriotismo (o que tem e o que não tem) num desporto mainstream.

28.6.10

Uma dica

Sou o único que vai buscar os óculos de sol para cortar cebola? É que resulta mesmo.

Desligaram.

Ele guardou o telemóvel no bolso. Ela atirou o dela para cima da cama. Ele seguiu lentamente até ao carro e sentiu-se aliviado. Ela atirou-se para cima da cama e continuou a bebericar pela taça de vinho languidamente, pensando que tinha conseguido fazê-lo sentir-se culpado. Mas afinal não havia reunião nenhuma. E ela até tinha assuntos para tratar, mas estava sem cabeça.

Agora tinham todo o tempo do mundo, mas sentiam-se incapazes de fazer seja o que for. "Não faz mal", pensaram, "temos os restos das nossas vidas".

24.6.10

Por falar nisso - Mundial 2010

No fundo é tudo uma questão de eficácia e boa gestão das coisas. Ora vejamos: Se tivéssemos canalizado todos os recursos cerebrais e inteligência do Carlos Queiroz, do Rui Santos e dos restantes "comentadores futebolísticos", assim como dos directores de programação que aprovam grelhas de programa que contemplam programas pré e pós jogo de futebol, com uma duração média de duas horas, tenho a certeza que o Sputnik tinha-se chamado Sagres e Portugal tinha conseguido mandar o Pantufa à Lua.

Cristiano Reinaldo's

 

 
Com o dinheiro que ele tem, também eu, olha...

23.6.10

Parar para pensar

Parar para pensar, ordenar ideias e reciclar papéis. Seleccionar os programas culturais, os pratos que vamos experimentar, espreitar a lista de restaurantes recém-abertos e aproveitar a Lisboa pacóvia, mas deslumbrante em que vivemos.

Acumulam-se post its e listas intermináveis de afazeres, com lembretes sublinhados e moradas mal anotadas.

Projectos, chamam-lhe.

22.6.10

Candle light

Sempre gostei de cafés, de restaurantes, esplanadas: pessoas sozinhas a ler o jornal, um livro, a beber um capuccino, amigos em conversa despreocupada à volta de copos e petiscos, casais separados por uma garrafa de vinho e duas lasanhas. Em Copenhaga, apetece entrar em todas as portas. Porque, aqui, todas as mesas, balcões, cantos, escadas têm uma vela. E em nenhum sítio há barulho a mais ou a menos.
Em dois dias seguidos, vi-me num café perfeito e num restaurante acolhedor. De repente, vi-me em frente a duas loiras (vá, não comecem) que tinham visto três morenos na vida. Nórdicos puros fascinados pelos costumes Portugueses, no fundo acham que somos todos Brasileiros, nórdicos que querem saber tudo sobre os beijos e abraços que damos todos os dias, nórdicos do outro lado da mesa, depois da vela e das rosas encarnadas.

Copenhagen's journey












Nota para mim mesmo (ou note to myself para ser mais fancy):

Não voltar a dizer a um arquitecto americano (principalmente quando nos está a avaliar) que o Frank Gehry é mais florista do que arquitecto. Das duas uma: as consequências podem ser devastadoras ou podemos cair na sua boa graça. Esta última, como se de um milagre se tratasse.